Na Rua do Loureiro predominam os carvalhos e sobreiros de copas frondosas. A topografia define-se por uma ligeira pendente voltada a Sul e revela alguns afloramentos rochosos que pontuam de branco este território. Os muros, de pedra solta, evidenciam a necessidade do uso da terra para cultivo e pastoreio; definem limites e socalcos que geometrizam de forma singular esta paisagem.

Várias ruínas de génese tradicional manifestam características de uma arquitectura vernacular própria da Serra d’Aire. Entre árvores, as ruínas estabelecem os limites da propriedade onde se implanta a casa. Esta, ocupa uma clareira e desenha a frente de rua. É simples, branca, e os vários corpos definem o programa sugerido.

Fotografia aérea. S. Mamede

Fotografia aérea, S. Mamede

Neste contexto, a casa sugere um pátio orientado a Poente que se apropria da vegetação envolvente.

Da acção do arquitecto espera-se, pois, o desenho de um marco habitável – não existe arquitectura sem projecto, não existe projecto sem memória, não existe memória sem ideias, não existe arquitectura sem habitante.

— Manuel Mendes, “Terra quanto a vejas, casa quanto baste”, em “Só nós e santa tecla”.

A Norte, a biblioteca e o escritório abertos ao pátio. A sala e cozinha ocupam o mesmo corpo e estabelecem relações com o exterior através de um vão continuo.

Casa na Serra. Implantação

Planta de implantação.

Os quartos, a uma cota inferior, ocupam o corpo oposto à biblioteca e abrem a Sul para uma paisagem enquadrada sob a copa dos sobreiros. O alçado que desenha a frente de rua pretende-se cego; apenas e só com as fenestrações necessárias. Um muro de pedra e uma cisterna anunciam a entrada da casa.


Este projecto encontra-se em desenvolvimento e a construção está prevista para o início de Maio de 2016.

João de Deus Ferreira e Pedro Martins.