Maria Callas, figura da ópera e da música erudita no século XX, conquistou plateias com inconfundível e arrebatadora voz. Conhecida por La Divina, Callas era perfeccionista e a sua voz expressão dramática e cénica. Nos anos 60 a sua voz entrou em declínio e decide afastar-se dos palcos por alguns anos. Frágil física e psicologicamente, Callas refugia-se em Paris no seu próprio mundo de solidão.
No século XXI, numa pedreira abandonada em Vila Viçosa, propõe-se a criação de um novo refúgio para o canto lírico de Maria Callas. As características de ambos completam-se e a casa revela-se como gesto acutilante na criação de um novo cenário.
É encontrado um espaço imponente e único onde o silêncio toma lugar; é resultado de um acelerado processo de transformação. Uma pedreira abandonada, um lugar de diálogo entre a natureza, o homem e a máquina, entre o corte texturado de um bloco de pedra e a matéria pura; lugar com características cenográficas e acústicas únicas.
Situada num ponto exterior ao grande maciço rochoso, a pedreira abandonada toma-se como ponto de encontro entre a paisagem agricola e o processo mecanizado de extracção nas pedreiras. A casa, assume-se como um ponto de referência nesta paisagem apenas perceptível com a aproximação ao percorrer o território.
Um volume de betão que se pretende esbelto ergue-se próximo da pedreira. A entrada na casa desenha-se gradualmente e a paisagem revela-se nesta transição. No interior, os espaços centrais voltam-se para uma paisagem em transformação; são côncavos e desenham a luz e o som. Uma superficie convexa no exterior define o lugar da plateia.
O refúgio de Maria Callas coloca-se em equilíbrio entre uma casa, um cenário e uma pedreira abandonada. Desenha-se como um espaço de desespero comunicativo.
An opera begins long before the curtain goes up and ends long after it has come down. It starts in my imagination, it becomes my life, and it stays part of my life long after I’ve left the opera house.
Finalista no concurso Opengap 2014.
Projecto por João de Deus Ferreira, Mariana Fartaria e Miguel Pereira.